Estão chegando as tão esperadas férias!!! Aumenta o tempo de convivência com a família, os passeios, encontros com amigos, podem surgir viagens, e como fica o orçamento? Esse é um desafio para muitos, já que fica difícil negar os pedidos dos filhos queridos que, tantas vezes, abrem mão da presença e atenção no dia a dia por demandas de trabalho. Com certeza eles merecem usufruir desse dinheiro, mas como estabelecer limites para não prejudicá-los na aquisição de comportamentos financeiros positivos?
Foi para viver cada momento do ano sem o stress financeiro que o Léo e eu estabelecemos as prioridades e passamos a separar dinheiro mensalmente para os nossos objetivos. Parece loucura, mas em 2001 quando casamos, tínhamos 17 contas-poupança, entre elas, uma para pagar o IPTU, pintura e possíveis manutenções e melhorias em nossa casa futura, outra para pagar a manutenção, IPVA, troca futura e seguro do carro, outra para imprevistos, uma para reservar o dinheiro da aposentadoria, uma para gastar com viagens e férias, uma para os filhos futuros, outra para comprar os presentes de Natal, o Léo tem 5 irmãos casados e com filhos, imagina a quantidade de presentes. Naquela época, o Léo estava endividado, então colocávamos pouquinho dinheiro em cada conta por mês, mas essa prática foi nos motivando e ajudando a melhorar as escolhas do dia a dia. Estávamos nos aproximando dos objetivos a cada mês.
Se você não reservou dinheiro para essas férias, saiba que pode se programar para as próximas. Mas, além disso, pode ficar atento para se divertir sem estourar o orçamento e prejudicar o fluxo financeiro. Isso mesmo, nós estamos sempre atentos ao fluxo e não simplesmente a quantidade de dinheiro. É bastante comum nos perguntarmos: quem está pagando esse gasto? Pois o dinheiro pode ser resultado do nosso tempo de vida dedicado ao trabalho, do rendimento de um investimento, do dividendo de uma ação ou negócio, do aluguel que recebemos de um imóvel ou da venda de um bem. Outras perguntas que costumamos nos fazer é: esse dinheiro que pretendo gastar nisso, em que mais poderia ser usado? Gastar nisso, me afasta ou me aproxima dos meus objetivos?A ideia é sempre colocar o dinheiro à nosso serviço e não o contrário, mas para isso é necessário assumir o controle e saber para onde queremos ir e como desejamos viver.
Mas, voltando às férias, sugiro que aproveite esse tempo maior com os filhos para fazê-los pensar sobre o fluxo de dinheiro e ampliar o repertório financeiro deles, pois os benefícios serão duradouros e positivos tanto para eles, como para toda a família. Separei algumas sugestões, é importante que faça adaptações para a sua realidade.
Ensine sobre propaganda. Explique para as crianças como a publicidade funciona e como ela pode persuadir as pessoas a comprar coisas que não precisam. Explorem embalagens para observar a presença de personagens, frases de impacto. Anotem quantas propagandas aparecem nos intervalos de games, programas de televisão e desenhos animados. Isso ajudará a desenvolver senso crítico desde cedo.
Compare preços. Incentive as crianças a compararem preços e a pensarem se podem encontrar uma opção mais em conta em outro lugar, talvez comprando o item usado ou de outra marca.
Pratique ter uma lista de desejos. Isso evita compras por impulso, ensina a praticar paciência, persistência, perspectiva de futuro e desenvolve autoconhecimento. As crianças, assim como os adultos, podem ser influenciadas pelo impulso de comprar algo no momento. Incentive-as a anotarem todos os desejos para que possam, antes de agir, pensar, planejar formas de adquirir o item e até considerar se a compra é realmente importante e prioridade.
Incentive o diálogo. Desenvolver a habilidade de argumentar sobre percepções e decisões é valioso. Sempre que a criança demonstrar interesse em algo, ouça suas razões e peça explicações. Demonstre que as opiniões dela são válidas, e ajude-a a avaliar os motivos pelos quais surgiu o interesse pelo item, se é um desejo ou uma necessidade, se é o melhor momento para comprar, se poderia usar o dinheiro em outra prioridade, se quer algo maior no futuro e guardar o dinheiro seria mais proveitoso. Faça perguntas e escute atentamente.
Mostre o fluxo por trás das coisas. As crianças costumam receber tudo pronto e de forma rápida. Não é a toa que temos visto tanto se falar em ansiedade infantil. Exercitem pensar sobre a origem dos produtos ao redor. Por exemplo, ao comer um sanduíche, descubram de onde veio o pão, a maionese, a alface, o hambúrguer, o guardanapo… levem em consideração o plantio, o processamento, trabalho de pessoas, o transporte, a energia e água necessárias, e o tempo que levou para tudo isso chegar até ali. Ter uma visão dos processos ajuda a desenvolver habilidades empreendedoras, planejar, evitar desperdícios e entender impactos sociais e ambientais do consumo.
Pratiquem a gratidão. Incluam um momento no final de cada dia para listar pelo menos 3 acontecimentos pelos quais são gratos. Essa é uma prática que fazemos diariamente há mais de 6 anos e tem mudado nosso olhar e transformado os sentimentos e as emoções. É muito valioso perceber como somos privilegiados por estarmos vivos e podendo aprender e ter experiências.
Lembrando que é possível usar a criatividade e fazer programas ao ar livre e com menos estímulos ao consumo. Mas, ao sair com crianças para o comércio, é essencial manter a comunicação aberta, e lembrar que educar para ter uma vida financeira sustentável e responsável pode começar desde cedo. Espero que essas sugestões sejam úteis e ajudem nas transFORMAÇÕES financeiras da sua família. Ótimas férias e até a próxima!
Carolina Simões Lopes Ligocki
Autora e fundadora da Oficina das Finanças
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